terça-feira, 3 de julho de 2012

Eleições na Gávea 2012: Affonso Romero - Parte 1

Nação, está chegando a época de eleiçoes na Gávea e as primeiras candidaturas já foram lançadas. O nosso Blog entrou em contato com alguns candidatos a presidência e estaremos postando aqui nas próximas semanas algumas entrevistas com alguns deles. A nossa idéia é expôr e ajudar a divulgar as idéias por eles propostas.

A primeira entrevista é com o candidato Affonso Romero. A entrevista foi divida em duas partes pois é um pouco extensa e assim fica menos cansativo.

          

1 – O que é a Revolução Rubro-Negra?
É um movimento de rubro-negros, sócios ou não do clube, que estão insatisfeitos com o modelo de gestão amadora do clube. A Revolução não é apenas oposição à Presidente Patrícia Amorim. A Patrícia é um exemplo do mal que uma gestão amadora pode fazer ao clube, mesmo que bem intencionada. A resposta que a Revolução Rubro-Negra dá a esta situação é um CHOQUE DE GESTÃO PROFISSIONAL. Ou seja, o Presidente e sua Diretoria passam a cuidar efetivamente do planejamento estratégico do clube, mas a gestão operacional do Flamengo ficará a cargo de profissionais qualificados em suas áreas de atuação, sem interferência cotidiana de amadores.

2 – Nos últimos 20 anos vários presidentes passaram pelo Flamengo e pouca coisa mudou, porque com o Affonso Romero seria diferente?
Porque a mudança que nós estamos propondo com a Revolução não é apenas de nomes, mas de modelo de gestão. Eu sou um profissional de comunicação, um publicitário com uma formação acadêmica muito boa, conheço a estrutura de gestão do Flamengo e acompanho futebol há mais de 40 anos. Mas não é por isso que eu tenho o direito de achar que conheço tudo, sei de todas as soluções, seja capaz de fazer tudo sozinho. Quem diz isso mente, engana. O que o Flamengo precisa é definir onde quer chegar e deixar gente capacitada e profissional em cada área de atuação tocar o cotidiano operacional do clube, com dedicação exclusiva e sem politicagem.

3 – O fato de o presidente do clube morar em São Paulo não irá atrapalhar no trabalho?
A presença do Presidente deve ser valorizada. O Presidente não pode, com sua presença cotidiana, ofuscar o trabalho dos profissionais, nem interferir nas decisões técnicas operacionais. Quem fala que o Presidente deve estar no clube o tempo todo não entende a diferença entre gestão estratégica e gestão operacional. A função estratégica e política de um Presidente exige que ele esteja atento ao clube e às grandes questões, o que pode ser feito de qualquer lugar. O principal é que dê estrutura e respaldo aos profissionais contratados, e isso inclui a confiança de que as missões dadas serão cumpridas. Alguém contestaria um Presidente que morasse em Madureira ou em Realengo, na Baixada ou em Niterói ou em Vargem Grande, onde fica o nosso CT? Dependendo das condições do trânsito, estes lugares ficam mais distantes da Gávea que os 40 minutos de voo que separam Rio e São Paulo.  Será que o presidente do Flamengo só poderia mesmo morar no início da Barra ou na Zona Sul? Além disto, em São Paulo estão localizados os principais possíveis parceiros que o Flamengo poderá ter.

4 – Um profissional torcedor de outro clube grande do Rio poderá trabalhar do Flamengo?
Eu devolveria esta com outra pergunta: é possível que um executivo da Coca-Cola consuma Pepsi em público? Obviamente, os gostos pessoais de cada um não estão em questão, mas o comportamento público de qualquer bom profissional é de identificação total com a instituição a quem ele serve. Há hoje no Flamengo profissionais e atletas que, intimamente, são torcedores de outros clubes, e não há nada de desabonador nisso. O importante é que, enquanto estejam no Flamengo, os profissionais - tanto os atletas quanto os administradores - saibam defender o Flamengo, conhecer o clube, respeitar sua torcida e seus sócios, trabalhar sempre na direção daquilo que foi acertado como a estratégia estabelecida para o clube. 

5 – A Revolução Rubro-Negra propõe um “CHOQUE DE GESTÃO PROFISSIONAL” no Flamengo. Isso acarretará em mudanças na estrutura organizacional do clube. Como ficará, resumidamente, essa estrutura?
A maior mudança que a Revolução está propondo é na maneira de fazer a gestão da estrutura que já existe, ou seja, que os profissionais substituam os gestores amadores. Não adianta ficar mudando tudo por mudar. A divisão do clube em departamentos é acertada. Só é necessário deixar claro quais são aqueles que respondem pelas atividades-fim e pelas atividades-meio. As atividades-fim são aquelas para as quais o clube existe: o futebol, os esportes olímpicos de competição e o clube social. As outras são atividades de apoio, que servem como prestadoras de serviços e que dão as condições necessárias para que o Flamengo consiga cumprir com seus objetivos. O que nós estamos propondo é que a estrutura seja definida em função dessas necessidades, que as decisões estratégicas sejam do Presidente, mas que a operacionalização das ações seja feita por profissionais. O que não pode continuar acontecendo é que amadores mandem na gestão cotidiana do clube.

6 – O Zinho vem fazendo um bom trabalho no Flamengo. Ele é o tipo de profissional que te agrada? É muito cedo para falar de nomes, mas existe a possibilidade de ele ser mantido no clube? 
É cedo para falar em nomes, mas não para falar em perfis necessários para os profissionais. O Zinho está demonstrando ser um bom profissional. Eu só gostaria de destacar que o trabalho dele é de nível gerencial, na intermediação entre elenco, técnico e diretoria amadora. E isso ele está fazendo de maneira muito acertada. No modelo que nós apresentamos, haverá alguém que faça esta função, e nada impediria que fosse o Zinho. Mas haverá também um Diretor Executivo do Departamento de Futebol cuja função será administrativa, será a de coordenar todas as ações do futebol: base, profissionais, área de saúde, contratos, estrutura, logística etc. Caberá a este profissional escolher toda a sua equipe, inclusive o Gerente Técnico.

7 – O Revolução Rubro-Negra acha que os esportes olímpicos serão capazes de se sustentar? Isso parece ser um pouco utópico. Caso não consigam se sustentar, o que acontecerá a eles? 
Veja exemplos de clubes como o E.C.Pinheiros e o Minas Tênis, que têm uma estrutura olímpica profissionalizada e equipes de ponta em alguns esportes, sem que isso signifique prejuízos aos clubes. Estes clubes têm tradição em suas cidades, mas não têm a exposição pública do Flamengo, não têm a sustentação de uma marca como a do Flamengo, nem 35 milhões de torcedores. O estranho é que estes clubes – e tantos outros – consigam captar patrocínios e parcerias, sejam competitivos, e o Flamengo, tendo muito mais condições, não consiga competir sem gerar prejuízos. Qual a diferença, então? A diferença está no modelo de gestão, que no Flamengo hoje é amador, além de ser uma imensa bagunça.

8 – O estatuto do Flamengo é arcaico em vários aspectos. O Revolução Rubro-Negra pretende tentar fazer mudanças no estatuto? Se sim, quais seriam essas mudanças? 
O Estatuto precisa ser revisto. No mínimo, porque já é antigo, e merece ser debatido e adaptado às necessidades atuais. Mas o Estatuto não deve ser usado como desculpa. O Flamengo pode ser muito bem administrado com o arcabouço legal existente. O choque de gestão profissional, por exemplo, é plenamente viável dentro das regras atuais. Hoje, o processo de profissionalização da gestão passa pela decisão política do Presidente em fazê-la. O Estatuto deve ser mudado para garantir que esta evolução seja incorporada à gestão do clube, sem retrocesso posterior. Mas quem se prepõe a fazer mudanças no modelo de gestão não pode ficar esperando pelo Estatuto, usando esta desculpa para afirmar que é necessária uma fase de transição. Isso é balela de quem não quer mudar nada, de quem quer interferir no trabalho dos profissionais. Isso é coisa de quem fala de profissionalismo porque é moda, mas nunca acreditou nisso de verdade.

9 – Como candidato a presidência, você teme os Conselhos do clube como possíveis pedras no seu caminho ao tentar realizar mudanças tão drásticas no clube? 
Os Conselhos costumam levar uma culpa que não têm, são usados como bodes expiatórios por Diretorias incompetentes. Eu pergunto sempre qual foi a mudança, qual foi o projeto, qual foi a decisão favorável ao Flamengo que tenha ficado prejudicada pelos Conselhos. Ninguém responde objetivamente a isso. O que há é uma necessidade de se aprovar projetos de longo prazo, contratos que envolvem valores muito altos, então isso tem que ser bem debatido e explicado aos Conselheiros. Eu acho que isso é bom para o clube, porque protege de ações precipitadas, de voluntarismos, de negócios mal feitos. Os Conselhos são protetores da instituição cujas decisões são sempre coletivas, tomadas por um número grande de rubro-negros. Pode ser que, em algumas ocasiões, uns poucos integrantes de algum Conselho tentem impor arbitrariamente uma vontade pessoal, e para resolver impasses há a sabedoria da maioria, expressa por debates e votações.

10 – Nos últimos anos notou-se um distanciamento da torcida com o Flamengo. As médias de público não têm sido tão boas, a torcida não tem ido tanto ao estádio. O que a Revolução Rubro-Negra pretende fazer para reaproximar a torcida do clube, fazer o torcedor voltar aos estádios? 
Nós, torcedores, gostamos de acreditar que o grito da torcida incendeia o time dentro de campo. Isso é uma meia verdade. Porque também é verdade que o a performance do time dentro de campo também contagia e incendeia a torcida. Parte dos torcedores vai a todos os jogos, independente da fase do time. Mas temos que reconhecer que há torcedores que só se veem motivados quando o time vai bem, ou pelo menos demonstra raça, dedicação e foco nos jogos. Mais do que apenas montar um boa equipe, é obrigação da Diretoria manter o grupo comprometido e focado em representar o Flamengo com profissionalismo e seriedade. Isso motiva o torcedor a ir ao estádio, gritar o nome do clube, querer estar dentro de campo junto com o time. Há aspectos que também devem ser cuidados e que têm menos ligação com a paixão, e mais com a razão: o Engenhão é uma péssima opção para a torcida rubro-negra, um estádio frio, mal situado. Ter que jogar lá é reflexo de falta de planejamento dos anos anteriores, porque o Flamengo é dependente de estádios que não são seus. Outra questão é a de desenvolver incentivos para que os torcedores tenham vantagens em ir a todos os jogos, como ingressos mais baratos para quem comprar a temporada inteira.

11 – Grande parte da torcida reclama do fato de o Flamengo não ter um programa de sócio-torcedor. Vocês pretendem fazer um? Como seria? Quais as vantagens o torcedor teria? 
O Flamengo tem vários tipos de torcedores, com diferentes níveis de inteiração com o clube. Seria uma bobagem apresentar um único modelo de sócio-torcedor, porque sempre haverá gente que não seria contemplada. E seria pretensioso dizer o que o torcedor quer. É preferível perguntar isso aos diversos torcedores, saber quais os benefícios que eles querem com um projeto deste porte. E dar a cada tipo de torcedor as vantagens desejadas. É nesta segmentação de mercado que atenderemos a um grupo tão diverso e tão grande, a um custo justo. Mas independente do modelo, é inadiável ampliar e renovar o quadro social do CRF, dando a cada Rubro-Negro a chance de ser sócio e assim participar do processo eleitoral.

12 – O Flamengo tem a maior torcida do mundo e não tem um estádio próprio. O Revolução Rubro-Negra pretende fazer parcerias para a construção de um estádio ou arrendamento do Maracanã?
O Maracanã que conhecemos, infelizmente, acabou. O estádio que está sendo construído é uma incógnita. Mantém-se uma localização privilegiada, e supostamente será um estádio moderno, espaçoso e confortável. A questão é saber se aquela antiga magia continuará a existir. O Maracanã deve muito ao Flamengo, que é o conteúdo que justificou a existência do estádio, deu a ele suas maiores rendas e públicos. Precisamos conhecer os termos de licitação do arrendamento do Maracanã, se eles seriam bons ou não para o Flamengo. É necessário que o Estado reconheça que o Flamengo é mais importante para o Maracanã que o contrário. Estes são os termos de uma negociação, saber que vantagens darão ao Flamengo para jogar lá. Para negociar assim, é necessário ter na manga um plano B. Em resumo: eu prefiro ver o Flamengo jogar num estádio que possa realente chamar de seu, e este estádio pode até mesmo ser o Maracanã. Depende dos termos do arrendamento. Senão, o Flamengo tem como viabilizar a construção de um estádio próprio, com parcerias.

13 – O que você acha do trabalho que a Patrícia Amorim vem realizando? O que ela tem feito de bom e quais os erros dela? 
É muito fácil, a estas alturas da gestão da Patrícia, apontar o dedo e dizer que ela não faz nada certo, como se ela não fosse uma rubro-negra apaixonada pelo clube, com grandes serviços prestados como atleta e política. Eu acho este tipo de crítica barata uma covardia. É necessário avaliar que a Patrícia é uma representação dos limites que o modelo de gestão amadora impõe ao Flamengo. Por mais eu ela queira fazer mais, ela sozinha, cercada de um pequeno grupo de amadores, não é capaz de realizar. Se trocar a Patrícia por outro, sem trocar o modelo de gestão, o próximo repetirá seus erros. Veja a manutenção da sede da Gávea: a coisa até melhorou um pouco com a Patrícia, ela é uma pessoa cuidadosa com isso e faz o que é possível com os recursos que consegue gerar. E aí é que está: o que ela não consegue é gerar mais recursos que estes aí, não tem na sua equipe gente criativa, com soluções de mercado, que saiba costurar boas parcerias. Então, não basta vontade, é preciso competência. Para piorar, ela não deixa o comando do futebol ser tocado por profissionais, e tampouco entende disso, então fica a principal atividade do clube sem comando. O pior efeito desta gestão dela, ou desta falta de gestão, é que cada um faz o que bem entende, fala cada um por si, um se mete na área de outro, não há hierarquia, respeito, ordem. Isso acaba sendo refletido no mau comportamento dos atletas, na falta de respeito ao clube, e afasta os possíveis bons parceiros. Hoje, ninguém quer juntar a sua marca comercial à do Flamengo, que infelizmente virou um símbolo de bagunça no mercado. 

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